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  • O minimalismo como prática de presença

    O Hoje no Essencial

    Vivemos em um tempo onde a velocidade é celebrada, a produtividade é exaltada e o excesso é disfarçado de abundância. Neste cenário, o presente — o agora — muitas vezes se perde entre notificações, listas de tarefas e a ansiedade do que vem a seguir. É aqui que o minimalismo surge, não apenas como uma estética ou método de organização, mas como uma filosofia de presença.

    Estar aqui, agora

    O minimalismo nos convida a um exercício de atenção. Ao escolhermos o que manter em nossas casas, rotinas e pensamentos, também estamos escolhendo o que merece nossa energia. Essa curadoria constante nos ensina que o presente não precisa ser preenchido para ser pleno. Pelo contrário: o silêncio, o espaço, a pausa — todos eles são convites para habitar o agora com mais consciência.

    Estar presente não é apenas desligar o piloto automático. É olhar para o que está diante de nós com olhos menos distraídos. Uma xícara de café quente, uma conversa sem pressa, o som da chuva. São momentos simples que só se revelam quando abrimos espaço para percebê-los.

    Menos distrações, mais significado

    Quando eliminamos o excesso — sejam objetos, compromissos ou pensamentos — começamos a ouvir o que realmente importa. A prática minimalista retira o ruído que nos afasta da realidade imediata e nos oferece uma clareza rara em tempos de hiperconexão.

    Estar presente é, então, um ato de intenção. É dizer “não” a mil possibilidades para dizer “sim” a uma só — mas escolhida com consciência. É entender que viver o agora não significa desconsiderar o futuro ou esquecer o passado, mas reconhecer que o único momento em que podemos agir, mudar ou simplesmente respirar é este: o agora.

    “O hoje no essencial” pode parecer uma frase simples, mas ela carrega uma verdade profunda: tudo o que temos de fato é este instante. O minimalismo nos lembra disso não com discursos, mas com práticas — ao nos ensinar a desacelerar, a observar, a valorizar.

    Em um mundo que constantemente exige mais, o minimalista responde com menos — menos pressa, menos distração, menos ruído. E, nesse espaço mais leve e mais calmo, é possível encontrar algo que estávamos buscando o tempo todo: simplesmente existir.

  • O minimalismo essencial

    O todo no essencial

    Eu não escrevo artigos e postagens com AI. Mentira, seria mentira falar isso. A AI ajuda sim, e ajudou nesse post, com algumas informações e pesquisas. Mas o que seria o minimalismo se até o ato de escrever sobre minimalismo, em vez de eu simplesmente abrir um arquivo no editor de texto e escrever sobre o assunto, eu resolvesse usar uma complexo algoritmo instalado em uma servido  estrangeiro gastando milhares de dólares em energia? Mas seria ainda mais minimalista escrever esse texto em um caderno de papel com uma pena, ou mesmo simplesmente não escrever? Se você acha que minimalismo é fazer o mínimo, então você foi enganado por quem não sabe o que é minimalismo. Minimalismo é mais (trocadilho proposital) do que o mínimo ou a supressão do todo. É O todo no essencial.

    A natureza de Buda

    Um dia Buda foi dar um sermão perante seus discípulos. Ele simplesmente levantou uma flor para a plateia em total silêncio. Nasceu o Zen.

    Nada do que ele fez foi mínimo ou simples, uma flor não é simples, nem mesmo a natureza. A natureza é essencial. Cada peça se encaixa, e o que ao longo do tempo deixa de fazer sentido, desaparece, impermanente.

    Você sabe por que a pimenta arde? A pimenta é um fruto, e seu propósito é ser espargida pelo mundo ao ser devorada por algum animal. Mas suas sementes são muito sensíveis e frágeis para o sistema digestivo dos mamíferos. Mas não para o sistema digestivo dos pássaros. Logo, ela desenvolveu uma substância química que só causa ardência e incômodo em mamíferos. Pássaros não sentem a picância.

    Buda poderia ter levantado uma pimenta vermelha e teríamos um Zen ainda mais picante. Mas ainda seria Zen. E a picância se tornou algo natural, e tão saboroso para nós mamíferos, que hoje, semeamos a planta não com nossos intestinos, mas com nossa mãos ávidas por mais pimenta.

    E a natureza segue sendo o exemplo mais minimalista que temos.

    Essa é a essência que aprendi sobre o minimalismo. Quando vi um documentário a mais de 30 anos atrás, em que um arquiteto minimalista projetou uma casa, onde o único banheiro ficava na parte externa da casa, no quintal. O motivo? “Obrigar” o morador a sair da casa e contemplar o tempo e o jardim, faça chuva ou faça sol, esteja frio, nevando ou batendo um sol de lascar. Porque a essência do minimalismo, principalmente na arte e na arquitetura, é essa conexão com a natureza, a grande mãe do minimalismo, mesmo que ela as vezes pareça algo tão exuberante e a estética minimalista quebre essa expectativa com linhas brancas e materiais lisos.

    É que o Minimalismo não é jogar coisas fora, usar preto ou esvaziar espaços, o minimalismo é a tela em branco que serve de fundo para o que realmente importa, que é existir dentro da experiência humana. E o que deve ser pintada sobre essa tela existencial é nossa atenção plena, é a natureza, as amizades, os sons, o silêncio, a intenção, a generosidade, o amor…é  o que não se joga fora. A própria vida.

    Isso é O minimalismo.